segunda-feira, 14 de julho de 2014

Ruído


Por tantas vezes pensei que tinhas esquecido
Como é pequena toda esse gente
E tão frágeis, intermitentes
São seus lampejos de inteligência e consciência de si
Eu quase aprendi
Que tanta gente reunida no mesmo lugar
Só sabe pensar com o fígado
Não é possível: tens que saber
A ignorância é universal;
um mal incontido.

Se um dia nos fizeram crer
Que, com tanto espaço cedido,
Seríamos mais sábios, mais eloquentes,
Mais críticos,
Foi só para nos fazer descobrir; pura ironia!
Há muito percebi
Que tanto dualismo,
Tanta ideia persistente
É só sinal de uma deliberação demente
Que nada tem de sentido
Que nada nos dá além de ruídos
Com os quais preencher os gritos
E, elegantemente, ranger os dentes.

Eis, então, o mais contraditório dos mundos: muito se diz, lê, analisa, opina - e finge
Nada se crê, sustenta, constrói - ou atinge;
Tudo que circula por aqui é perdido
Nas baforadas hormonais que nossos ouvidos arrastam
E, para nosso próprio bem, por vezes escapam
Estamos, enfim, muito bem servidos
Dos inteligentes silêncios e entrelinhas
Que não mais nos tocam
Mas sibilam
E nos apagam.
 
 
By Guto Lobato 

sábado, 31 de maio de 2014

Turbulencia - Malkavguilds

O Louco


Cantando, quebrando a meia-noite.
Pelas areias do coral do tempo
Pelos portões cintilantes do céu
Além das sentinelas em minha mente.
Provoque a mudança tão depressa
Provoque a noite do amor
Provoque a noite dos amantes
Provoque o cheiro da paixão.
Eu lhe vejo assistir onde eu caminho
Pelo campo de jasmim enluarado
Escute de perto como eu falo
Sobre as estrelas e o passado de seus amores.
Campos de papoulas, queimando luminoso,
Venha comigo. Eu não tenho nenhuma casa.
Como eu lhe embalo na valsa da vida docemente
Como você suspira em minhas mãos mornas
Como eu lhe dou belos sonhos nitidamente
Fluindo abaixo como faixas de vermelho.
Eu danço a dança do bobo
E você me acha louco?